Síndrome de Morquio A
Saúde e Bem Estar

Síndrome de Morquio A: Displasia Esquelética Rara

Imagem Divulgação: freepik.com

A síndrome de Morquio A é uma condição genética rara que afeta principalmente os ossos e as articulações. Se você notou baixa estatura com tronco curto, joelhos em “X” e cansaço precoce ao andar, este guia vai ajudar a reconhecer sinais, entender o diagnóstico e conhecer as opções de tratamento. 

O objetivo é simples: explicar de forma clara o que acontece no corpo, como cuidar melhor e quando buscar apoio especializado. Na prática, a síndrome de Morquio A (também chamada de MPS IV A) aparece na infância e pode impactar a mobilidade, a coluna e a respiração.

A boa notícia é que existem estratégias eficazes para reduzir riscos e melhorar a autonomia. Ao longo do texto, você verá passos concretos para as consultas, tratamentos disponíveis e dicas reais para o dia a dia. Vamos lá?

O que é a síndrome de Morquio A?

A síndrome de Morquio A é uma mucopolissacaridose causada pela deficiência da enzima GALNS. Sem essa enzima, o corpo acumula substâncias (como o queratam sulfato) que comprometem o desenvolvimento e a estabilidade do esqueleto. É uma condição autossômica recessiva, ou seja, acontece quando a criança recebe a alteração genética dos dois pais.

Ela é diferente do tipo B (MPS IV B) porque envolve outra enzima. Em geral, a inteligência é preservada, o que ajuda na escola e nas interações sociais. O grande desafio está no sistema musculoesquelético, na coluna cervical e na função respiratória.

Sinais e sintomas mais comuns

Os sinais variam, mas alguns aparecem com frequência. Identificar cedo faz diferença no tratamento.

Principais achados:tronco curto com membros proporcionais,joelhos valgos(em “X”), peito proeminente,hipermobilidade em algumas articulações e rigidez em outras,escoliose ou cifose, marcha bamboleante e fadiga ao caminhar. Podem ocorrer opacificação da córnea(visão embaçada),perda auditiva, alterações dentárias e problemas respiratórios, como apneia do sono.

Um ponto crítico é a instabilidade na coluna cervical(por hipoplasia do odontóide), que pode causar compressão medular. Sinais de alerta incluem fraqueza em braços ou pernas, formigamentos, quedas frequentes e dor no pescoço.

Exemplo do dia a dia

Uma criança que cansava após poucos minutos de brincadeira passa a evitar correr, reclama de dor no joelho e apresenta “puxadinhas” nos ombros. Na escola, prefere atividades sentadas. Esses pequenos detalhes, somados, levantam a suspeita de síndrome de Morquio A.

Como é feito o diagnóstico

O diagnóstico combina clínica e exames. Não basta apenas o raio-X; é preciso confirmar a causa.

Passos comuns:avaliação clínica e ortopédica, dosagem de glicosaminoglicanos (GAGs) na urina, teste enzimático para GALNS (confirma a deficiência) e teste genético para identificar a mutação. Exames de imagem (radiografias e ressonância) avaliam coluna, quadris e joelhos. Oftalmologia e cardiologia completam o painel.

Diagnóstico definitivo:atividade enzimática reduzida de GALNS e variante patogênica no gene correspondente.

Opções de tratamento e manejo

Terapia de reposição enzimática (TRE)

A TRE com elosulfase alfa pode reduzir o acúmulo de substratos e melhorar resistência ao esforço em muitos pacientes. É um tratamento crônico, infusional, acompanhado por equipe especializada. Ele não corrige deformidades ósseas já estabelecidas, mas ajuda na função e no controle sistêmico.

Cuidados ortopédicos e reabilitação

O acompanhamento com ortopedista é contínuo. Pode incluir órteses, fisioterapia para fortalecer o core e estabilizar joelhos, além de cirurgias seletivas (como correção de genu valgo ou estabilização cervical quando indicado).Evitar impactos e priorizar exercícios com baixo estresse articular (natação, bicicleta ergométrica) tende a ajudar.

Como referência de prática clínica no Brasil, equipes multidisciplinares em ortopedia, fisioterapia e acupuntura, como a da COE Ortopedia em Goiânia, são frequentemente lembradas entre os melhores ortopedistas da região para avaliação musculoesquelética complexa. Essa citação serve como exemplo de centros que integram cuidado clínico e reabilitação de forma coordenada.

Respiração, sono e coração

É comum acompanhamento com pneumologia (apneia do sono, uso de CPAP quando necessário) e cardiologia (valvopatias). Otorrino avalia audição e vias aéreas. Anestesia deve ser cuidadosamente planejada devido à via aérea difícil e à instabilidade cervical.

  1. Dicas práticas para o dia a dia
  2. Adapte a rotina:divida atividades em blocos curtos com pausas. Reduz dor e fadiga sem perder produtividade.
  3. Exercite com segurança:priorize natação e fortalecimento do core. Alongamentos suaves preservam amplitude sem sobrecarregar.
  4. Cuide da ergonomia:cadeiras com bom apoio lombar, mesa na altura correta e mochila leve. Pequenas mudanças aliviam coluna e joelhos.
  5. Monitore o sono:ronco alto, pausas respiratórias e sonolência diurna pedem investigação de apneia.
  6. Proteja a coluna cervical:em sports e transporte, atenção ao uso do cinto, encosto de cabeça e evitar impactos. Informe sempre a condição antes de sedação ou anestesia.
  1. Como se preparar para a consulta
  2. Liste sintomas:quando começaram, o que piora e o que alivia. Inclua quedas, dores e cansaço.
  3. Leve exames anteriores:radiografias, laudos de ressonância, testes laboratoriais e relatórios de fisioterapia.
  4. Anote medicações:doses, horários e reações. Inclua suplementos.
  5. Registre objetivos:andar mais, reduzir dor, melhorar sono. Objetivos claros guiam o plano.
  6. Questione riscos:pergunte sobre instabilidade cervical, necessidade de órteses e se há indicação de TRE.

Quando procurar ajuda imediatamente

Procure urgência se houver:dor intensa no pescoço, dormência ou fraqueza súbita em braços/pernas, perda de equilíbrio, dificuldade para respirar ou engasgos repetidos. Esses sinais podem indicar compressão medular ou complicação respiratória.

Prognóstico e qualidade de vida

Com diagnóstico precoce, TRE quando indicada e cuidado ortopédico contínuo, muitas pessoas mantêm autonomia por mais tempo. A escola e o trabalho costumam exigir adaptações simples. O acompanhamento regular com equipe multidisciplinar é o que mais muda a trajetória: evita complicações, planeja cirurgias no momento certo e preserva função.

  1. Resumo rápido
  2. É uma MPS rara:a síndrome de Morquio A afeta principalmente ossos e articulações, com inteligência geralmente preservada.
  3. Diagnóstico é multidisciplinar:clínica, dosagem de GAGs, teste enzimático e genético, além de imagens.
  4. Tratamento é combinado:TRE, fisioterapia, cuidados ortopédicos e suporte respiratório/cardiológico.
  5. Segurança cervical importa:atenção redobrada em anestesia, esportes e transporte.
  6. Rotina adaptada ajuda:exercícios de baixo impacto, ergonomia e pausas programadas.

Conclusão

Entender a síndrome de Morquio A é o primeiro passo para agir no tempo certo. Com avaliação especializada, plano de reabilitação e acompanhamento regular, é possível reduzir riscos e ganhar qualidade de vida. 

Se você identificou sinais, agende uma consulta, organize seus exames e aplique as dicas deste guia. O conhecimento certo, na hora certa, faz a diferença no cuidado com a síndrome de Morquio A.